Manuel Jardim (Meãs do Campo, 1884 – Lisboa, 1923)
Artista de reconhecido valor, é considerado um dos renovadores da arte em Portugal nos inícios do século XX. A 6 de Novembro de 1884, em Meãs do Campo, nasce Manuel de Azambuja Leite Pereira Jardim, filho de Ernesto Pereira Leite Jardim, de Maria Carolina de Azambuja Ferreira e neto paterno de Manuel dos Santos Pereira Jardim, 1.º Visconde de Monte São, Par do Reino, Lente de Filosofia da Universidade de Coimbra e Presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Em 1911 casa com Letícia Leite Pereira Jardim Cabral de Moura Coutinho e Vilhena, sua prima. Morre prematuramente vítima de doença, na Cidade de Lisboa, a 7 de Junho de 1923. Sob a forte influência de Leopoldo Battistini, então professor na Escola Industrial de Avelar Brotero, e particularmente pelo seu quadro Sagramor, inspirado num poema do Doutor Eugénio de Castro, interrompe a sua carreira de estudante coimbrão e transfere-se para Lisboa. Encontra-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa com Francisco Franco, Henrique Franco, Eduardo Viana, Dordio Gomes, Saavedra Machado, Santa-Ritta e muitos outros alunos que haveriam de ser primeiras figuras nas artes nacionais. Continua os estudos obtendo novamente altas classificações e, durante os dois escolares, teria como professores e examinadores homens de talento como Alberto Nunes, Ernesto Condeixa, Henrique Lopes de Mendonça, José Luís Monteiro, Luciano Freire, Simões de Almeida e o seu próprio primo Henrique de Vilhena. Entre 1905 e 1910 frequenta Academia Julien, em Paris e tem por mestre Jean Paul Laurens. Em 1911 o seu quadro Le déjeneur é admitido ao Salon de Paris, expõe no Salon d’ Automne (1913), na Mostra dos Caminhos-de-ferro (1914), na Mostra dos Artistas Decoradores (1914), no IV Salão da Sociedade dos Desenhadores Humoristas (1914) e na exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes (1919).
Obras:
"La Femme à l'Éventail"
Cabeça de Perfil
Manuel Jardim segundo José Telo Morais:
(…) Quanto ao tema, a predilecção de Manuel Jardim incide, indubitavelmente, na figura feminina. (…) Contudo, as suas paisagens, de colorido rico, mas harmonioso, possuem igual valor plástico, bem como «o carácter e a força» que ele tanto ambicionava imprimir.(…)
(…) De interesse se revestem também os desenhos aguarelados a azul e rosa, a série de bailarinas exóticas, orientais, em atitudes inverosímeis e, finalmente, um pequeno grupo de quadros a óleo, de fundo ocre e de figuras a vermelho e azul, contornadas a negro bastante acentuado. Estas, as suas últimas criações que demonstram preocupações estéticas diferentes e parecem prenunciar novos rumos… (…)
(…) Cingindo o juízo de valor, objectiva e imparcialmente, ao que da sua obra se conhece e às lições que encerra, Manuel Jardim não pode, de facto, ser considerado o expoente dos pintores modernos portugueses. Mas situa-se, sem favor, entre os mais importantes. (…)
Fonte: Exposição Manuel Jardim (1884 – 1923) Exposição Comemorativa do 1.º Centenário do seu nascimento. Catálogo, Coimbra, Museu Nacional Machado de Castro, 1984, páginas 3 a 10.
Bibliografia: Fernando de Pamplona – Dicionário dos pintores e escultores ou que trabalharam em Portugal, Lisboa; Henrique Vilhena – A vida do pintor Manuel Jardim, 2 volumes, Portugália Editora, 1945 e 1948; José Augusto França – A arte e a sociedade portuguesa no século XX, Livros Horizonte, Lisboa; Saavedra Machado – O pintor Manuel Jardim, Alma Nova, Dezembro, 1923.